quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Fim da linha, Briatore


"Não gosto de F1. Gosto do trabalho que faço. Gosto do produto que fabrico. Gosto das pessoas com quem trabalho". Por declarações como essa e muitas atitudes controversas, o italiano Flavio Briatore se tornou a figura mais polêmica da Fórmula 1 nos últimos anos. O ex-chefão da Renault, cuja demissão foi anunciada pela escuderia nesta quarta-feira, teve seu nome envolvido em vários escândalos ao longo de sua carreira como diretor de equipes da principal categoria do automobilismo.

Briatore chegou à Formula 1 em 1988, quando a gigante da moda Benetton decidiu investir na categoria ao comprar uma escuderia e batizá-la com o nome de sua marca. O italiano, até então um total leigo quando o assunto era automobilismo, foi nomeado diretor da nova equipe por seu amigo pessoal Luciano Benetton, fundador da famosa grife de roupas. Começava uma carreira marcada tanto por títulos quanto por escândalos.

Em 1991, ainda como diretor da Benetton, Briatore mostrou a que viria a ser uma de suas principais qualidades: revelar talentos. Depois da primeira corrida da temporada, ele tirou o então novato Michael Schumacher da Jordan e o trouxe para a sua equipe. O alemão foi contratado para substituir o brasileiro Roberto Pupo Moreno, a quem Briatore não se deu ao trabalho de informar sua decisão de demití-lo.

Três anos depois, em 1994, quando o reabastecimento durante as corridas voltou a ser permitido, Briatore teve a brilhante ideia de retirar o filtro das bombas de gasolina da Benetton, o que tornava o processo de reabastecimento mais rápido, porém muito mais arriscado. A farsa foi descoberta quando o carro do holandês Jos Verstappen pegou fogo, colocando em perigo a vida do piloto e dos mecânicos da equipe. No mesmo ano, a equipe chefiada pelo italiano foi acusada de utilizar disfarçadamente em seus carros dispositivos eletrônicos proibidos, como controle de tração e de largada. Encerrando um ano de escândalos, Michael Schumacher conquistou pela Benetton seu primeiro título na F1, após jogar seu carro para cima do inglês Damon Hill, da Williams, no último GP da temporada.

Também em 1994, Briatore comprou a francesa Ligier para adquirir os direitos de uso sobre os motores Renault, que eram considerados os melhores da época. Como o regulamento não permitia que alguém dirigisse duas equipes ao mesmo tempo, ele repassou o time a Tom Walkinshaw, que também ficou famoso ao utilizar métodos questionáveis em outras categorias. Misteriosamente, os motores Renault foram parar nos carros da Benetton.

Em 2003, agora como diretor da Renault, Flavio Briatore repetiu sua manobra para revelar talentos. Ele demitiu o inglês Jenson Button, que vinha de bons resultados, e colocou em seu lugar o espanhol Fernando Alonso, que curiosamente tinha o italiano como empresário. Além de Alonso, o diretor foi empresário de pilotos como Mark Webber, Heikki Kovalainen, Jarno Trulli e Nelsinho Piquet, que foi, inclusive, pivô do escândalo que culminou com a demissão de Briatore.

Em 2009, insatisfeito com o rendimento do piloto brasileiro Nelson Piquet Jr., Briatore ameaçou por diversas vezes demití-lo, até que cumpriu suas ameaças após o GP da Hungria. O piloto passou a atacar o dirigente, que também era seu empresário, acusando-o de ser um carrasco que ficava com 20% de seu salário. A briga teve seu auge quando Nelsinho Piquet revelou que, a mando de Briatore, bateu seu carro deliberadamente no GP de Cingapura de 2008 para favorecer seu companheiro de equipe Fernando Alonso, que acabou vencendo a prova. Durante uma grave troca de insultos, Piquet chegou a dizer que Briatore não entendia nada de Fórmula 1 e que a equipe se sairia bem melhor sem ele, enquanto o italiano respondeu de forma ainda mais ofensiva ao insinuar que o piloto seria homossexual.

O caso ainda não foi a julgamento pela FIA, mas mesmo antes que isso aconteça a Renault tratou de encerrar um ciclo de glórias e controvérsias ao afastar definitivamente Flavio Briatore, para quem as portas do mundo automobilístico parecem ter se fechado de vez.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Zebra em NYC?


Fez-se história em Flushing Meadows. Com apenas vinte anos de idade, o argentino Juan Martin Del Potro, vence seu primeiro Grand Slam, em sua primeira final, e, incrivelmente, contra Ele, o considerado por muitos como o maior tenista de todos os tempos, Roger Federer.

O suíço nunca perdera uma final de Grand Slam para ninguém que não se chamasse Rafael Nadal. Estava há 40 jogos sem perder no US Open.

Nada disso foi suficiente para frear a poderosíssima direita do argentino, que com incríveis 3 sets a 2, sagrou-se o segundo hermano campeão do aberto da terra do tio Sam. O primeiro foi Guillermo Vilas, que derrotou o norte-americano Jimmy Connors na decisão de 1977.


Foi um jogo extremamente emocionante. Para saber disso, basta apenas olhar o placar final, e ouvir as palavras, en español, ditas em meio a lágrimas, de Del Potro. "Agradeço a toda a torcida argentina e a todos que estiveram comigo desde sempre. Poucos sabem o que eu passei para chegar até aqui".

A incrível batalha de 4 horas e 6 minutos teve parciais de 3-6, 7-6 (7-5), 4-6, 7-6 (7-5) e 6-2.

Se dentro das quatro linhas futebolísticas a Argentina não tem muito o que comemorar ultimamente, no esporte de Lacoste e Borg, nuestros hermanos têm motivos de sobra para vibrar... muito.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

99 anos de muitas histórias...




Quero homenagear os 99 anos de história do Corinthians contando um relato pessoal que se funde com uma das passagens mais importantes do clube. O dia era 6 de dezembro de 1990. Data da primeira semifinal do Brasileirão daquele ano. Nossa equipe, desacreditada por boa parte dos críticos e da própria torcida, já tinha superado o Atlético-MG nas quartas em duas partidas emocionantes. Mesmo assim, muitos davam o Bahia como favorito. Mas nós tínhamos o apoio da Fiel, que lotava as imediações do estádio do Pacaembu.

Nosso time estava à bordo do ônibus batizado de “Mosqueteiro II”. Fazíamos o trajeto tradicional rumo ao estádio quando, na própria avenida Pacaembu, o trânsito parou. Naquele tempo não tinha essa força toda do CET, batedores policiais, etc... Simplesmente ninguém passava. Foi quando nosso motorista, o Ivo Caqui, avistou um carro impedindo nossa passagem.

Foi aí que aconteceu o improvável. Enquanto eu e o Ronaldo estávamos sentados lá no fundo do ônibus, vi o presidente Vicente Matheus, no alto de seus 81 anos, descer pela porta da frente e, sozinho, começou a empurrar o carro tentando livrar o caminho. A comoção foi tão grande que todo mundo desceu pra ajudar. E conseguimos.



Aquele gesto do Matheus me emociona até hoje. Foi emblemático e empolgante. Tanto que vencemos aquele jogo por 2 a 1 de virada. Tive a oportunidade de fazer um dos gols. O veinho ficou feliz. Ele era um sujeito duro, mas extremamente honesto e apaixonado pelo Corinthians. Onde ele estiver, deve estar contente com esses 99 anos de história. Glórias que ele ajudou a construir, literalmente, com as próprias mãos.