Havia recém casado, e se declarava a mulher feliz como nenhuma outra há de ser no mundo:
- Tive sorte Magali, tirei a sorte grande!
- Ah sim, Loyola é homem de bem. Com certeza. Estou feliz por ti!
E, de fato, a felicidade da irmã era verdadeira. Mas nunca escondeu que, no fundo, sentia certa inveja de Magda Lúcia. Afinal, era ela a mais bonita e, o mais importante: a mais desejada.
Magda Lúcia
Fogosa, Magda Lúcia tinha todos os homens a seus pés. Nunca fora infeliz com nenhum, muito pelo contrário, mas não conseguia se ater à um só amante.
Até o dia em que encontrou Loyola. Homem elegante, de boa índole, família tradicional, e rico. Muito rico.
Pequenos anjinhos
Desde pequenas, foram sempre muito amigas. A mãe, D. Inácia, logo quando casou foi enfática:
- Quero apenas meninas, Arnesto. Duas Meninas.
Dito e feito. Nasceram duas criaturinhas angelicais. D. Inácia era bajulações noite e dia. Um mimo só. Na infância, a vizinhança as via como o pequeno tesouro do bairro.
Com o passar dos anos, na adolescência, tornou-se visível o quanto o tempo beneficiou Magda Lúcia, e não o fez com Magali. Fato esse, que não abalou a grande amizade que existia entre as duas irmãzinhas.
Magali
Anunciado o casamento de sua irmã, Magali sentiu uma enorme felicidade, que veio junto com um sentimento de alívio.
- Graças ao Santo, ela aquietou o rabo!
Quando se tratava de homens, Magali era, sempre, posta em segundo plano. E, ao passo que Magda Lúcia partia para outro caso, os rapazes, descaradamente, tentavam a sorte com a irmã. O matrimonio foi para ela, uma notícia dos céus.
O Encontro
Hercúleo, galante, boêmio; Otavio Augusto era, realmente, muito querido pelo sexo oposto.
Tarde quente, Magali tomava, calmamente, seu batido de creme com passas, quando é abordada pelo Hércules da Mooca:
- Como é linda tua face, Chuchu! Permita-me pagar o Shake?
Daí a um novo encontro foram dois dias. Não tardou, também, a terem caso sério.
Tensão
E como era de se esperar, Otavio Augusto tinha de ser apresentado à família de seu “Chuchu”. Foi marcado, um almoço no domingo, dia de Santo Antônio.
Os dias que antecederam essa data, a qual Magali tanto gostava, foram, para ela, contidos de muita tensão. “Não creio, ele vai conhecer Magda, daí é batata”.
Domingo
A feijoada ocorreu dentro da mais absoluta normalidade. Perguntas de praxe. “Quer dizer então que você é funcionário público!? É da Caixa?”. “Então, é Timão ou não é?”. Nada de excepcional. Com exceção ao fato do rapaz ser Juventus.
O Dia Seguinte
- Muito massa sua família, Chuchu.
- E quanto à minha irmã? Que te pareceu?
- Ah... Bom... É simpática.
- Simpática? Só isso?
- Ah... Ué... Sei lá, é bonita.
- Bonita...
- Ô meu Chuchuzinho, que quer que eu diga?
- Pretendes me trocar, Otavio? Trocar-me por ela?
- Quié isso meu Chuchu!? Nunca!
- Prometes me amar pra sempre?
- Pra sempre!
O Comunicado
Um novo almoço foi marcado. Porém, desta vez, não com intuito de apresentação, sim, de anunciação.
- Magda, tenho uma surpresa pra te contar!
- Pois conte então menina!
- Não! Espere e verá...
Chegou o dia, domingo, Final do Paulista. Eis que, de sua cadeira, Magali levanta e faz o grande comunicado:
- Gente... Eu e o Otavio... A gente... – e com lágrimas escorrendo, como que estivessem fugindo de dentro de seus olhos, traçando um caminho tortuoso por sua face, soluçando de emoção, tenta em vão prosseguir a anunciação. Cai em prantos de alegria, nos braços de seu amado. Este que, por sua vez, continua a tentativa de Magali:
- Bom, gente, ela queria dizer que... Nós vamos nos casar!
A alegria então foi geral. Todos se levantaram e aplaudiram o futuro novo cônjuge.
E para aumentar a felicidade do seu Arnesto, o Timão foi campeão.
O Dia Antes
Magali despertou radiante. “Amanhã me caso, hei de me casar”. Saiu para comprar suas frutas. “Pela manhã são bem mais frescas”.
Passa em frente ao bar que costuma freqüentar Otavio Augusto, e então o vê lá dentro. “Meu Santo Antonio, logo cedo...”. Estava atravessando a rua para ter com seu noivo, quando sentiu, de súbito, o maior calafrio de sua vida. Dir-se-ia que nunca sentiu tamanho desgosto. Lá estava o maior fervor que se pode exigir de um beijo. Otavio Augusto e Magda Lúcia.
Visita à irmã
Magda Lúcia despede-se de seu cunhado, e segue rumo sua casa, a mansão de Loyola.
Ao adentrar o hall, tem uma agradável surpresa: sua irmã estava sentada na poltrona de couro, aquela adorada por seu marido.
- Olá Magda, estou já faz tempo te esperando chegar!
- Magali, quanto tempo não me visitas, hein!? Loyola te recebeu quando chegou?
- Ah sim, passei um tempo a me entreter com ele.
- Onde está ele agora então?
- Bom... Acho que aparece para o almoço...
É chegada a hora da refeição na mansão, e Loyola não dá nem sinais.
- Bom, Acho que é melhor a gente ir comer. Só nós duas mesmo.
- Vamos então, Magda! Estou com uma fome...
Sentam-se à mesa, as duas irmãs somente, como há muito não se via.
- Como uma boa anfitriã, tenho dever de te servir irmãzinha!
Os olhos de Magda Lúcia se agigantaram, sua face reproduziu uma expressão jamais vista antes. Empalidece e cai morta no chão. Fruto de uma parada cardíaca.
O prato principal era a cabeça de Loyola.
Dormindo com o noivo
Pelas onze, Magali chega à casa d’Otavio Augusto.
- Meu Deus, como é tarde meu Chuchu. Achei que nem viria mais!
- Pois é meu bem. É que hoje tirei o dia pra pensar.
- Pensar em que, Chuchuzinho?
- Pensar na vida, meu bem. Pensar na vida.
- Verdade né! A partir de amanhã, é vida nova não é meu Chuchu?
- Com certeza, Vida Nova...
-Bom, meu Chuchu, vamos dormir então, que já é tarde!
Os dois foram para o quarto, trocaram de roupa e dormiram. Mas, Otavio, não chegou a acordar.
Bruuuuu! adoreeei!!!
ResponderExcluir;)
beeijo
Rê
Belo texto! Gostei da sua maneira de escrever. Abraço!
ResponderExcluirGostamos do seu texto.Gostariamos de divulgar contos seus no nosso evento, se se interessar envie emails para letrasartesplasticas@egotripping.zzn.com ou egotrippingcultural@gmail.com
ResponderExcluirabraços e parabéns