quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Fim da linha, Briatore


"Não gosto de F1. Gosto do trabalho que faço. Gosto do produto que fabrico. Gosto das pessoas com quem trabalho". Por declarações como essa e muitas atitudes controversas, o italiano Flavio Briatore se tornou a figura mais polêmica da Fórmula 1 nos últimos anos. O ex-chefão da Renault, cuja demissão foi anunciada pela escuderia nesta quarta-feira, teve seu nome envolvido em vários escândalos ao longo de sua carreira como diretor de equipes da principal categoria do automobilismo.

Briatore chegou à Formula 1 em 1988, quando a gigante da moda Benetton decidiu investir na categoria ao comprar uma escuderia e batizá-la com o nome de sua marca. O italiano, até então um total leigo quando o assunto era automobilismo, foi nomeado diretor da nova equipe por seu amigo pessoal Luciano Benetton, fundador da famosa grife de roupas. Começava uma carreira marcada tanto por títulos quanto por escândalos.

Em 1991, ainda como diretor da Benetton, Briatore mostrou a que viria a ser uma de suas principais qualidades: revelar talentos. Depois da primeira corrida da temporada, ele tirou o então novato Michael Schumacher da Jordan e o trouxe para a sua equipe. O alemão foi contratado para substituir o brasileiro Roberto Pupo Moreno, a quem Briatore não se deu ao trabalho de informar sua decisão de demití-lo.

Três anos depois, em 1994, quando o reabastecimento durante as corridas voltou a ser permitido, Briatore teve a brilhante ideia de retirar o filtro das bombas de gasolina da Benetton, o que tornava o processo de reabastecimento mais rápido, porém muito mais arriscado. A farsa foi descoberta quando o carro do holandês Jos Verstappen pegou fogo, colocando em perigo a vida do piloto e dos mecânicos da equipe. No mesmo ano, a equipe chefiada pelo italiano foi acusada de utilizar disfarçadamente em seus carros dispositivos eletrônicos proibidos, como controle de tração e de largada. Encerrando um ano de escândalos, Michael Schumacher conquistou pela Benetton seu primeiro título na F1, após jogar seu carro para cima do inglês Damon Hill, da Williams, no último GP da temporada.

Também em 1994, Briatore comprou a francesa Ligier para adquirir os direitos de uso sobre os motores Renault, que eram considerados os melhores da época. Como o regulamento não permitia que alguém dirigisse duas equipes ao mesmo tempo, ele repassou o time a Tom Walkinshaw, que também ficou famoso ao utilizar métodos questionáveis em outras categorias. Misteriosamente, os motores Renault foram parar nos carros da Benetton.

Em 2003, agora como diretor da Renault, Flavio Briatore repetiu sua manobra para revelar talentos. Ele demitiu o inglês Jenson Button, que vinha de bons resultados, e colocou em seu lugar o espanhol Fernando Alonso, que curiosamente tinha o italiano como empresário. Além de Alonso, o diretor foi empresário de pilotos como Mark Webber, Heikki Kovalainen, Jarno Trulli e Nelsinho Piquet, que foi, inclusive, pivô do escândalo que culminou com a demissão de Briatore.

Em 2009, insatisfeito com o rendimento do piloto brasileiro Nelson Piquet Jr., Briatore ameaçou por diversas vezes demití-lo, até que cumpriu suas ameaças após o GP da Hungria. O piloto passou a atacar o dirigente, que também era seu empresário, acusando-o de ser um carrasco que ficava com 20% de seu salário. A briga teve seu auge quando Nelsinho Piquet revelou que, a mando de Briatore, bateu seu carro deliberadamente no GP de Cingapura de 2008 para favorecer seu companheiro de equipe Fernando Alonso, que acabou vencendo a prova. Durante uma grave troca de insultos, Piquet chegou a dizer que Briatore não entendia nada de Fórmula 1 e que a equipe se sairia bem melhor sem ele, enquanto o italiano respondeu de forma ainda mais ofensiva ao insinuar que o piloto seria homossexual.

O caso ainda não foi a julgamento pela FIA, mas mesmo antes que isso aconteça a Renault tratou de encerrar um ciclo de glórias e controvérsias ao afastar definitivamente Flavio Briatore, para quem as portas do mundo automobilístico parecem ter se fechado de vez.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Zebra em NYC?


Fez-se história em Flushing Meadows. Com apenas vinte anos de idade, o argentino Juan Martin Del Potro, vence seu primeiro Grand Slam, em sua primeira final, e, incrivelmente, contra Ele, o considerado por muitos como o maior tenista de todos os tempos, Roger Federer.

O suíço nunca perdera uma final de Grand Slam para ninguém que não se chamasse Rafael Nadal. Estava há 40 jogos sem perder no US Open.

Nada disso foi suficiente para frear a poderosíssima direita do argentino, que com incríveis 3 sets a 2, sagrou-se o segundo hermano campeão do aberto da terra do tio Sam. O primeiro foi Guillermo Vilas, que derrotou o norte-americano Jimmy Connors na decisão de 1977.


Foi um jogo extremamente emocionante. Para saber disso, basta apenas olhar o placar final, e ouvir as palavras, en español, ditas em meio a lágrimas, de Del Potro. "Agradeço a toda a torcida argentina e a todos que estiveram comigo desde sempre. Poucos sabem o que eu passei para chegar até aqui".

A incrível batalha de 4 horas e 6 minutos teve parciais de 3-6, 7-6 (7-5), 4-6, 7-6 (7-5) e 6-2.

Se dentro das quatro linhas futebolísticas a Argentina não tem muito o que comemorar ultimamente, no esporte de Lacoste e Borg, nuestros hermanos têm motivos de sobra para vibrar... muito.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

99 anos de muitas histórias...




Quero homenagear os 99 anos de história do Corinthians contando um relato pessoal que se funde com uma das passagens mais importantes do clube. O dia era 6 de dezembro de 1990. Data da primeira semifinal do Brasileirão daquele ano. Nossa equipe, desacreditada por boa parte dos críticos e da própria torcida, já tinha superado o Atlético-MG nas quartas em duas partidas emocionantes. Mesmo assim, muitos davam o Bahia como favorito. Mas nós tínhamos o apoio da Fiel, que lotava as imediações do estádio do Pacaembu.

Nosso time estava à bordo do ônibus batizado de “Mosqueteiro II”. Fazíamos o trajeto tradicional rumo ao estádio quando, na própria avenida Pacaembu, o trânsito parou. Naquele tempo não tinha essa força toda do CET, batedores policiais, etc... Simplesmente ninguém passava. Foi quando nosso motorista, o Ivo Caqui, avistou um carro impedindo nossa passagem.

Foi aí que aconteceu o improvável. Enquanto eu e o Ronaldo estávamos sentados lá no fundo do ônibus, vi o presidente Vicente Matheus, no alto de seus 81 anos, descer pela porta da frente e, sozinho, começou a empurrar o carro tentando livrar o caminho. A comoção foi tão grande que todo mundo desceu pra ajudar. E conseguimos.



Aquele gesto do Matheus me emociona até hoje. Foi emblemático e empolgante. Tanto que vencemos aquele jogo por 2 a 1 de virada. Tive a oportunidade de fazer um dos gols. O veinho ficou feliz. Ele era um sujeito duro, mas extremamente honesto e apaixonado pelo Corinthians. Onde ele estiver, deve estar contente com esses 99 anos de história. Glórias que ele ajudou a construir, literalmente, com as próprias mãos.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lamentável Lusa


Fatos absurdos como o ocorrido nesta última semana servem apenas para nos dar noção da lastimável dimensão de amadorismo, na qual se encontra a Associação Portuguesa de Desportos.

Após uma derrota, em pleno Canidé, para o Vila Nova, conselheiros do clube luso-brasileiro simplesmente invadiram o vestiário (lugar que, em teoria, é designado para atletas e técnicos), acompanhados de seguranças armados para "dar incentivo" aos jogadores. Sim, foi isso o que alegaram os conselheiros. Nada mais normal não é mesmo? Afinal quantas vezes, quando estamos nos sentindo mal não somos incentivados a seguir em frente por nossos amigos carregados de 38s na cintura?

- Eram quatro armados, e um parecia ser o chefe, mais senhor – denunciou o competente técnico Renê Simões que, apesar de demitido pelo Coritiba, já demontrara sua competência nas seleções jamaicana e brasileira feminina.

Segundo Renê, esses homens tomaram tal atitude para intimidar os jogadores, sendo Edno e Heverton os principais alvos. - Não tenho nenhuma dúvida de que a intenção era essa. Estavam com as armas na cintura.

- Nunca vi uma coisa dessa na vida. A gente está tentando fazer acontecer e, infelizmente, não estamos conseguindo. Aqui no Brasil, as pessoas estão muito fanáticas. Por causa de uma partida de futebol, já querem fazer esse tipo de coisa absurda. Isso não existe. Futebol é torcedor na arquibancada. Aqui na Portuguesa a torcida é muito folgada. Tudo o que acontece no time eles correm para cima de mim. Nós recebemos ameaças não é de hoje. Até minha família já recebeu. Não tenho mais clima para jogar na Portuguesa. Sinceramente - afirmou Edno.

Bom, seja lá qual foi a intenção dos tais "conselheiros invasores", indubidavelmente não teve êxito. As únicas consequências deste ato foram as seguintes: Ambiente horrível para os jogadores trabalharem (incluindo vontade de deixar o clube, vide Edno e Renê, sendo que este a realizou e aquele, fatalmente, a realizará), e a lamentável exibição de um quadro triste, no qual se encontra este que, num passado não muito distante, foi um time grande.

A diretoria da lusa já anunciou o nome do novo treinador, Vágenr Benazzi, especialista em subir equipes. Porém, quem garante que se ele não tirar a vantagem para o também originário de colônia portuguesa e líder, Vasco da Gama ou ao menos levar a lusa à primeira, não irão ameaçá-lo também?

R.I.P. Lusa... infelizmente.



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Arquivado


E já era de se esperar, as onze ações movidas pela oposição contra José Sarney foram arquivadas pelo Conselho de Ética (entenda-se esquecidos e tudo acabará em pizza), foram nove votos contra seis, o que nos leva a crer que a Casa dos Horrores está mais ligada ao Cel. Bigode do que já se esperava.

E quando questionado se havia ficado satisfeito com o resultado da votação do conselho, Sarney disse:

— Acho que todos ficamos, porque ultrapassamos uma fase.

Cito aqui os nomes desses heróis da pátria, os verdadeiros Policarpos Quaresmas, os responsáveis pela, tão querida pelos brasileiros, permanência no mais alto cargo do Senado do senhor José Sarney.

Wellington Salgado (PMDB-MG), Almeida Lima (PMDB-SE), Gilvan Borges (PMDB-AP), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Gim Argello (PTB-DF), Romeu Tuma (PTB-SP) e os petistas João Pedro (AM), Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS).

E, obviamente, não devemos nos esquecer do maior responsável pelo não afastamento do Presidente do Senado, o vigente Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva.

Apenas uma palavra resumiria toda essa situação vivida no país do futuro:

VERGONHA!!!!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Richarlyson: mais que um homem, um exemplo





Por JOAQUIM LO PRETE PORCIUNCULA*



Ontem eu estava reclamando com meu pai da escola, dizendo que ela enchia o meu saco, que me sentia deprimido com a "má fase" dos últimos tempos.

Na lata, antes de desligar o telefone, ele me respondeu: "Tá triste? Pensa no Richarlyson."

Em um ato incomum nos últimos tempos, obedeci-o.

E senti dificuldades em dormir. Porque fiquei pensando. E por bastante tempo.

Confesso que caiu uma lágrima quando eu me lembrei do jogo entre São Paulo x Goiás, no ano passado, quando na comemoração pelo título, ao invés de gritarem o nome de Ricky (como gritaram o de seus 23 companheiros), entoaram um imbecil "Bicha! Bicha!"

Imagino como deve ser para ele ver a torcida Independente (depois falo dessas antas) gritando o nome do Sérgio Motta (com todo o respeito) e não o dele.

Um cara que deu a vida pelo São Paulo em 2006, 2007 e 2008.

Que para mim, mais que Thiago Neves e que Hernanes, foi o melhor jogador do Brasileiro em 2007.



O cara é xingado no domingo, e treina na segunda.

Dando o máximo de si.

É o mais simpático possível com os companheiros.

Não deixou de me cumprimentar em todas as vezes em que visitei o CCT do São Paulo.

Antes de eu ir lhe pedir autógrafo. Mais gente fina impossível. Humilde.

Eu não sei se Richarlyson é homossexual.

Também não quero saber.

Mas sei que ele é um exemplo.

Um exemplo para todos que se sentirem mal em momentos difíceis. Pense em como é viver um momento difícil, tendo todos contra você durante mais de três anos seguidos. Sei que, desde os tempos do Aloísio, não vejo um cara tão gente boa no elenco do São Paulo. E olha que tem muita gente boa ali.

Não sei se os atos que ele faz são homossexuais. Não quero saber, afinal saber para quê? Se eu descobrir que ele é um homo que pega 20 na parada gay ou que ele é o cara mais macho do mundo, vou continuar tratando ele da mesma forma. Por tudo o que ele passou, pelo que ele passa, e pelo que ele passará.

As torcidas brasileiras são em tese muito escrotas.

A Independente é uma das que passa muito da linha.

Consegue se rebaixar a um nível de imbecilidade e cultural tremendo, em um passe de mágica.

Nada de bom sai dela.

Músicas sem graça e racistas (quem não se lembra da que tem preconceito contra favelados?), atitudes impensadas (rezo para que, pois, se forem pensadas, aí chegarei a conclusão que eles têm um QI de formiga), preconceitos expostos e tudo que tem de ruim.

Eu não sei se ele é gay, mas tenho guardado e enquadrado um trecho de uma entrevista de Muricy Ramalho para a revista Trivela em dezembro de 2006:

"Os caras adoram ele aqui dentro. Ele é alegre pra cacete, está toda hora pronto para tudo, nunca reclama de nada, é sempre um dos primeiros a chegar. É determinado e responsável: faz faculdade à noite, quando tem concentração eu libero ele para ir na aula. Ele sabe muito bem o que quer, por isso saiu desta situação. E ele brigou com coisa feia. Eu sei com o que ele brigou, e foi fodido. A palavra é essa. Foi um puta homem. Por isso é que ele superou essa situação".

Concordo com tudo o que Muricy disse. Os imbecis da Independente não têm mente para isso, mas espero que vocês tenham.

FORÇA, RICHARLYSON! INDEPENDENTE QUE SE EMENDE! FORÇA, RICHARLYSON!

http://jocafuteblog.blogspot.com/2009/08/richarlyson-mais-que-um-homem-um.html


*Joaquim Lo Prete Porciuncula tem 13 anos, tem um blog (endereço acima) e vai longe

domingo, 16 de agosto de 2009

Marcha contra Sarney - O povo pede, até no Maranhão...

Vários protestos anti-Sarney ocorreram neste final de semana, São Paulo, Rio, Brasília e até mesmo em São Luis, no estado natal e propriedade particular do nosso tão querido Presidente do Senado.



Os cidadãos que organizaram esses passeatas, via Twitter e pelo site www.forasarney.com, saíram às ruas levando faixas com os dizeres: "Todos contra Sarney" e "O povo não depende da máfia do Senado, e sim do povo".



Parabéns aos idealizadores, e principalmente a todos os que foram às passeatas!
Esperamos que seja este um bom começo para um exepcional fim...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Jornalista tem time sim

Eu acho uma frescura jornalista esportivo que não fala para qual time torce. Tem um bando de cara chato que fala que torce por time do interior pra fazer estereótipo de serio. Sinceramente , isso me deixa revoltado ; por exemplo o chato do Flavio Prado fala que é Ponte Pretano , o caramba que torce pra macaca , ele é São Paulino . Outro que esconde o time é chatão (Galvão) Bueno, que é flamenguista, mas ultimamente ele torce mais é para globo que para o mengo.
Mas , tem aqueles que assumem publicamente o seu time , como o Roberto Avallone , palmeirense doente e chato. O Juca Kfouri, que admiro bastante é corinthiano roxo.
Tem uns que torcem para mais de um time , o Milton Neves , que adora o Atletico- Mg (o galo mais lindo do mundo) , mais é santista apaixonado.
A vai a lista de outros jornalistas e seus times
Globo-
Cleber Machado (santos)
Luis Roberto ( são Paulo )
Mauro Naves (corinthias)
Abel Neto (santos)
Willian Bonner (Sao Paulo)
Sportv-
Milton Leite ( Corinthians)
Mauricio Noriega (palmeiras)
Paulo Cesar Vasconcelos (botafogo)
Andre Rizek (Corinthians)
Espn Brasil
Antero Greco (palemiras)
Amigão (são Paulo )
Pvc (palmeiras)
Soninha (palmeiras)
Outros-
Jose Silverio (cruzeiro)
Orlando Duarte (portuguesa)
Renata fan (internacional)
Danilo Gentili (Corinthians)
Kajuru (palmeiras)
Do Maranhão à Brasília. Um coronel no Senado?


A partir de 1889, o Brasil deixa de ser um país monárquico e passa a ser uma República. O sistema republicano brasileiro, desde o início foi sempre marcada pelo que chamamos de coronelismo, ou seja, coronéis (ricos fazendeiros) controlavam a política do Brasil.

Estes grandes latifundiários manuseavam tudo o que acontecia no país através de meios nada lícitos, tais quais o voto de cabresto, a falsificação de documentos eleitorais para que pessoas pudessem votar várias vezes ou então utilizar o nome de falecidos nas votações, e até mesmo sumir com urnas.



Teoricamente, o coronelismo deixou de existir no Brasil desde o governo do ex-presidente gaucho Getulio Vargas (acabando com a política café-com-leite), entretanto o que se pode encontrar hoje em várias regiões brasileiras vai contra esse extermínio da política dos coronéis.

Nomeação de parentes (nepotismo), criação de cargos públicos, exoneração, aumento de salários, ampliação de verbas, são exemplos de alguns dos atos secretos provocados pelo senado, presidido por ele, que é uma espécie de coronel dos dias atuais, e também ex-presidente da República, o maranhense José Sarney.

Na antiga república brasileira do final do século XIX havia a chamada “política dos governadores”, na qual os representantes dos estados e o presidente da República faziam acordos políticos, na base da troca de favores, para que pudessem governar de maneira a ter benefícios garantidos de ambos os lados.



Agora, não é estranho um homem com um currículo tão sujo por atos sigilosos ser protegido pelo Presidente da República? É o que vemos ao presenciar os pronunciamentos de Luiz Inácio Lula da Silva a respeito de José Sarney, outro fato que nos faz acreditar que essa figura tão desgastada perante à opinião pública continue no poder. Nas palavras do senador Pedro Simon “Se não tivesse o presidente Lula, o Sarney não teria sido candidato, o Sarney já teria ido para casa”. E como disse Ruy Barbosa em seu pronunciamento no Senado, em 1914, “... de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a ter vergonha de ser honesto”.



Bruno Lima

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dica de Terça Especial - SOUL



Soul básico


Por Lígia Nogueira

Das baladas doloridas às melodias ensolaradas, a soul music é um vasto terreno com origem na música gospel que foi ganhando registro na forma de singles, muito mais do que em álbuns completos. Porém, com o sucesso de alguns artistas e suas gravadoras – Otis Redding e Isaac Hayes, na Stax, em Memphis, ou Stevie Wonder e Marvin Gaye, na Motown, em Detroit – o gênero rendeu discos que se tornaram verdadeiros clássicos. A obra desses astros pavimentou o caminho para a música negra moderna e influenciou o pop produzido nas décadas seguintes. Prince, Outkast e até Gnarls Barkley são alguns exemplos.


No rap, o soul encontra eco nos trabalhos das cantoras Erykah Badu e Lauryn Hill – isso sem falar na extensa gama de bases sampleadas por inúmeros grupos. Recentemente, uma série de novos artistas ressuscitou o gênero com todo o louvor merecido. Depois do surgimento de Amy Winehouse e seu “Back to black”, ganharam destaque a banda Eli “Paperboy” Reed and The True Loves, com “Roll with you”, e ainda o compositor, produtor e arranjador Raphael Saadiq, que lançou no ano passado o disco de inéditas “The way I see it”. A lista abaixo, com 15 álbuns essenciais para entender o soul, é uma introdução ao gênero e propõe obras indispensáveis na discoteca básica do ouvinte. O G1 contou com as informações do guia “Soul and R&B”, de Peter Shapiro, e com a consultoria do jornalista Filipe Luna, idealizador da festa dedicada ao soul Talco Bells – que rola todo mês, no Cambridge, em São Paulo.

"Modern Sounds In The Country And Western Music", Ray Charles, 1962
Ray Charles pode ser considerado o artista responsável por dar forma ao soul como o gênero viria a ser consagrado nos anos 60. Foi ele quem levou a sonoridade da igreja para a música, popularizando o esquema “call and response” (“chamado e resposta”) em suas canções. É dele também uma das faixas fundamentais do soul: “What'd I say”, de 1959, traz a receita original do estilo. Na série “Modern sounds in country and western music”, o cantor e pianista cego explora outras sonoridades, como o próprio título já entrega, mas conserva a pegada que o imortalizou. O álbum reúne clássicos como “You don’t know me” e “I can’t stop loving you”.



"The Impressions", The Impressions, 1963
Muito além de ser a banda de apoio de Curtis Mayfield, o grupo vocal ajudou a dar forma ao soul de Chicago definido por ele. Se suas canções eram doces e animadas, elas mantiveram a alma graças à tradição gospel. Seu primeiro álbum, “The Impressions”, foi uma das melhores estreias de soul dos anos 60. Quase todas as canções do repertório haviam sido escritas por Mayfield, incluindo “Gypsy woman”, composta quando ele tinha 14 anos. “It’s all right”, considerada uma das melhores, ganhou a interpretação harmônica sublime dos integrantes, aliada aos metais cheio de suingue e à guitarra inconfundível de Mayfield.

"Live At The Apollo", James Brown, 1963
Dono de muitos apelidos, de padrinho do soul a Mr. Dynamite, nenhum outro artista do gênero teve a energia de palco de James Brown. Justamente por isso o disco que melhor o representa é “Live at the Apollo”, uma série estonteante gravada ao vivo no famoso teatro de Nova York. Ao longo dos três álbuns, o músico demonstra, hit após hit – “I'll go crazy”, “Try me”, “Think”, “Please please please”, “I don't mind”, “Night train”, só para citar alguns – toda a sua capacidade musical. A reação incendiada da plateia não deixa dúvida disso.

"Otis Blue: Otis Redding Sings Soul", 1966
Um dos mais influentes cantores de soul dos anos 60 teve uma curta carreira cujo auge se deu no terceiro álbum. “Otis Redding sings soul” foi lançado um ano antes de sua morte, aos 26. Sua obra foi suficiente para que Redding ganhasse o respeito de bandas como os Rolling Stones, que gravaram duas canções suas: “That's how strong my love is" e "Pain in my heart”. Em retribuição, o cantor lançou neste álbum uma elogiada versão de “(I can’t get no) Satisfaction”. Entre outros covers clássicos estão “A change is gonna come” (Sam Cooke) e “My girl” (composição de Smokey Robinson que se tornou sucesso na voz do grupo Temptations).



"I Never Loved A Man The Way I Loved You", Aretha Franklin, 1967
A cantora, compositora e pianista não poderia ser chamada por uma alcunha diferente da de “lady soul”. Suas raízes gospel datam da época em que começou a cantar, ao lado das irmãs, na igreja de seu pai, o reverendo C.L. Franklin, na Detroit dos anos 50. Na verdade, suas primeiras gravações foram como cantora gospel aos 14 anos. Ela seguiu lançando singles pela Columbia, mas foi o álbum “I never loved a man the way I loved you”, já na Atlantic, que revelou toda a paixão e a intensidade que fazem de sua voz algo único. A interpretação de “Respect”, de Otis Redding, por si só já valeria o disco, mas ele tem outras pérolas como “A change is gonna come”, de Sam Cooke, nome importante na história do soul.


"Hot Buttered Soul", Isaac Hayes, 1969
Com ajuda dos Bar-Kays como banda de apoio, Isaac Hayes ousou lançar, em 1969, um disco com apenas quatro faixas e muitos minutos de duração. Em sua obra-prima, o dono da voz do Chef da série "South Park" alterna monólogos sobre o amor ferido e instrumentações inspiradas. Aqui, ele expande o formato da soul music com arranjos orquestrais e metais poderosos, tudo temperado com guitarras cheias de malícia - o complemento perfeito para o seu vozeirão. Hayes, morto em 2008, influenciaria outros artistas: a base de "Ike’s Rap III", do disco “Black Moses” (outro clássico do cantor, lançado em 1971), aparece em músicas dos ingleses Tricky e Portishead, e até do grupo de rap paulistano Racionais MC's.

"Stand!", Sly And The Family Stone, 1969
Foi a partir de tendências díspares do final dos anos 60 que a banda californiana criou uma mistura única de soul, rock, funk e R&B que influenciaria as gerações seguintes. Além de ser um grupo multicultural, formado por homens e mulheres de diferentes raças, o Sly & the Family Stone foi um dos pioneiros a tocar em assuntos políticos em suas letras, fazendo com que isso se tornasse uma tradição não só entre os grupos de soul, mas também de funk e principalmente rap. Ao lado de James Brown, o grupo levou o funk para o mainstream. Essa efervescência se traduz no álbum “Stand!”, com suas melodias coloridas, guitarras psicodélicas e consciência social.

"Diana Ross Presents The Jackson 5", Jackson 5, 1969
A banda que revelou o futuro rei do pop Michael Jackson foi o primeiro grupo na história a ter os seus primeiros quatro singles no topo das paradas americanas: "I want you back", "ABC", "The love you save" e "I'll be there". Jackson e seus irmãos mais velhos – Jackie, Tito, Jermaine e Marlon – se tornaram a grande sensação da gravadora Motown ao lançar seu álbum de estreia, apadrinhado pela estrela Diana Ross. Nele, o grupo interpreta canções de Stevie Wonder (“My cherie amour”), Smokey Robinson (“Who’s lovin’ you”), The Corporations (“Nobody”), entre outros. Traçando um caminho que foi além do soul, o grupo incorporou elementos de doo-wop e bubblegum ao seu repertório, com refrãos cantaroláveis e melodias fáceis.

"Everything Is Everything", Donny Hathaway, 1970
Se não tivesse morrido tão jovem, Donny Hathaway teria sido provavelmente um dos grandes nomes da música negra. A voz macia – presente em canções como “The ghetto” – contrasta com as circunstâncias trágicas de sua morte – um aparente suicídio, aos 33 anos. Mas seu legado musical é cheio de alma. Além de ter trabalhado nos bastidores como produtor, arranjador e músico de apoio para artistas como Aretha Franklin, Roberta Flack e Curtis Mayfield, seu primeiro álbum solo, feito à base de lindos arranjos em uma atmosfera gospel, não se parecia com nada que já tinha sido feito até 1970.

"What's Going On", Marvin Gaye, 1971
Muito além de ser a obra-prima de Marvin Gaye, “What’s going on” é considerado um dos discos mais importantes da soul music. O álbum revela a voz ímpar de um artista agora livre da imagem de símbolo sexual do R&B. Se antes ele se sentia encarcerado pela máquina de fazer hits da Motown, agora Gaye pode expressar sinceramente o que o preocupa por meio da música. O tema central da obra é o questionamento sobre o que teria acontecido com o “sonho americano” do passado. Concebido a partir do ponto de vista de um veterano da guerra do Vietnã, o disco versa sobre pobreza, crianças abandonadas, desemprego, a brutalidade da polícia e o uso de drogas.



"Songs In The Key Of Life", Stevie Wonder, 1972
Dono de um apetite voraz por diversos gêneros musicais, Stevie Wonder, cego de nascimento, ajudou a expandir as barreiras da música negra ao misturar funk, rock, jazz, reggae e elementos africanos em suas composições. O uso de sintetizadores, nos anos 70, mudou a cara do R&B tradicional. Esse imenso leque de interesses ajudou a torná-lo famoso internacionalmente, assim como Ray Charles. Astro da Motown, ele emplacou vários hits ainda na adolescência, mas foi com o LP duplo “Songs in the key of life” que ele realizou sua obra mais ambiciosa. Amor, questões sociais e espirituais aparecem acompanhados por uma vasta gama de arranjos, em uma performance que é considerada a melhor de Wonder.

"Superfly", Curtis Mayfield, 1972
Se Curtis Mayfield já vinha fazendo um trabalho sublime à frente dos Impressions, um dos melhores grupos vocais de soul dos anos 60, sua contribuição para a música negra na década seguinte não foi menos importante. Como artista solo, ele foi um dos primeiros a escrever temas sobre o orgulho afroamericano, além de ter sido um excelente guitarrista – suas composições têm um sotaque latino único. Sua obra-prima é “Superfly”, trilha sonora do filme de blaxploitation de mesmo nome. Nele, Mayfield descreve, com senso de realidade único, a luta pela sobrevivência nos guetos, a presença de drogas e a morte antes do tempo.

"I'm Still In Love With You", Al Green, 1972
Al Green foi o primeiro grande cantor de soul dos anos 70. Além de ter incorporado elementos da música gospel à sua obra, pontuada por gemidos selvagens e lamentos, ele é um dos poucos artistas daquela época que ainda mantêm o vigor, a exemplo do álbum “Lay it down”, um dos melhores de 2008. Em seu disco de 1972, Green não desperdiça uma só faixa: de “For the good times”, canção de Kris Kristofferson com influência country, à lenta “Oh pretty woman”, de Roy Orbison – passando, é claro, por todas as suas composições próprias – “I’m still in love with you” descortina o reverendo no auge da inspiração.

"Still Bill", Bill Withers, 1972
O cantor e compositor Bill Withers pode não ter se tornado um nome tão conhecido quanto outros artistas relacionados à soul music, mas seu terceiro álbum de estúdio é considerado o resultado perfeito da combinação de elementos contemporâneos da década de 70. “Still Bill” junta o soul macio vindo da Filadélfia com o sabor blueseiro do sul – tudo enfumaçado pelo funk de Bobby Womack. Por trás de uma atmosfera morna e de fácil acesso, revelam-se camadas profundas de arranjos e letras densas. Um dos destaques do repertório é “Lean on me”. A canção divide espaço com a ciumenta “Who is he (and what is he to you)?” e ainda “Use me”, em que o autor admite alegremente ser usado pelo objeto de sua afeição.

"Back To Black", Amy Winehouse, 2006
Se existe uma responsável por trazer a soul music para os tempos atuais, esta é a cantora Amy Winehouse. Unindo composições autorais muito menos inocentes do que as do tempo da Motown com o suingue irresistível da banda Dap Kings, a inglesa despontou como uma das artistas mais instigantes dos últimos anos ao lançar seu segundo álbum, “Back to black”. As letras sinceras e autobiográficas ganharam o acabamento do produtor Mark Ronson, que atualizou o gênero sem deixar que ele perdesse a alma. Pena que Winehouse tenha ganhado mais destaque na mídia pelos quiproquós que protagoniza – quem sabe ela retorne à forma em seu próximo disco.



*Este texto foi publicado originalmente no portal G1

terça-feira, 5 de maio de 2009

Timão Mutante


E não é que Andres está sendo realmente um presidente muito ousado. Depois de contratar um jogador que, apesar de gênio, estava totalmente desacreditado, como Ronaldo, o revolucionário presidente do bando de loucos, aposta agora em uma estrela Hollywoodyana: o mutante Wolverine.
Definitivamente, esse aí é um homem de garra...




A verdade dos outros

Dica de Terça - Os Efervescentes



Ao circular pela forte cena roqueira de Porto Alegre, fique atento. Se avistar um curioso trio de terno, gravata e costeletas, pode se tratar do elegante conjunto musical Os Efervescentes.

Atualmente composto por Beto Stone (bateria/vocal), Daniel tessler (guitarra/vocal) e Eduardo Barreto (baixo/vocal), esse vibrante power trio gaúcho já passou por várias formações. Chegou até a contar, em sua formação inicial, com o atual grande cachorro Rodolfo Krieger (seria ele parente de Robby?), que em sua época efervescente fazia o vocal e a guitarra.



Influências sessentistas, incorporadas à nossa época, originam o rock dançante e direto dos rapazes, repleto de guitarras rasgantes e arranjos vocais bem trabalhados. O resultado desta fervilhante mistura é diversão garantida para apreciadores do rock.

Após um longo período de apresentações em diversos estados do país, a banda está em seu melhor momento, em fase de pré-lançamento do aguardado disco de estréia, que foi gravado e produzido por Ray Z e mixado por Marcelo Fruet.





www.myspace.com/osefervescentes

sexta-feira, 1 de maio de 2009

15 anos sem Ayrton

Há exatamente 15 anos o esporte brasileiro perdia um dos maiores ídolos de sua história. Em um dia que ficaria marcado para sempre na mente dos brasileiros, Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, perdeu a vida em um violento acidente no GP de San Marino, em Ímola, na Itália.
Foi um final de semana trágico para a Fórmula 1, repleto de acidentes. O primeiro deles ocorreu na sexta-feira anterior à corrida, quando o então novato Rubens Barrichello perdeu o controle de sua Jordan, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando-se violentamente contra uma barreira de pneus. O piloto sofreu apenas alguns arranhões e uma fratura no nariz, mas foi o suficiente para tirá-lo da corrida.
Já no sábado, véspera do GP, um acidente mais grave aconteceu. O piloto austríaco Roland Ratzenberger, da equipe Simtek, perdeu a asa dianteira de seu carro na fatídica curva Tamburello e bateu violentamente na curva seguinte. Ele foi atendido e levado ao hospital, mas morreu minutos depois.
A reação dos pilotos, principalmente de Senna, a este acidente foi passar o resto da manhã reunido com outros pilotos, com o objetivo de recriar a antiga Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de aumentar a segurança na F1, mas, apesar de tudo, todos concordaram em correr no dia seguinte.
Os sinais de que o trágico final de semana não havia terminado continuaram após a largada da corrida, no domingo. Ayrton largou na primeira posição, mas logo na largada J.J. Lehto, da Benetton, deixou seu carro morrer. A maioria dos pilotos conseguiu desviar do carro de Lehto, mas Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, não conseguiu e bateu na parte traseira da Benetton, obrigando o safety car a ficar na pista por 5 voltas. A corrida foi reiniciada na sétima volta e logo Senna fez uma das voltas mais rápidas, iniciando a que seria a sua última de todas. Ao entrar na curva Tamburello, Ayrton perdeu o controle de sua Williams, seguiu reto e chocou-se violentamente contra o muro de concreto. Ele foi atendido ainda na pista, ao lado de seu carro destruído e logo depois foi levado para um hospital, onde foi constatado um sério dano cerebral. Poucas horas depois Ayrton Senna foi declarado morto.

Ayrton Senna foi uma figura admirada em um país carente de ídolos. Além de ter sido um piloto espetacular e um dos maiores ídolos da história do esporte brasileiro, ele era de um carisma inigualável. Agressivo nas pistas e um tanto quanto tímido fora delas, Senna declarou que sempre teve uma preocupação em relação à situação social do Brasil e que pretendia fazer algo que ajudasse principalmente crianças carentes. Ele nao realizou este sonho antes de morrer, mas pouco tempo depois sua família criou o Instituto Ayrton Senna, que até hoje já ajudou mais de 11 milhões de crianças em todo o país.
Sua morte é lembrada todos os anos não só pelos fãs brasileiros, mas em todo o mundo. Porém, maior que a lembrança de sua morte são as lembranças de seus grandes feitos, que apenas não são inigualáveis por que sua carreira foi encerrada bruscamente quando muito mais poderia ter acontecido de bom. Certa vez, quando atravessava uma fase ruim, pouco antes de sua morte, Senna disse: "Quero sair deste buraco em que me encontro. Creio que posso correr até o ano de 2000. Posso chegar, inclusive, ao pentacampeonato mundial, como Fangio". Infelizmente, o destino não permitiu que isto acontecesse, mas quem é que não se emociona até hoje quando assiste à chegada de alguma das suas emocionantes corridas vencidas ao som do tema da vitória?


terça-feira, 28 de abril de 2009

Brasileirismo - Malandro ou Trabalhador?




Analisar o comportamento, genericamente, do brasileiro, é tarefa demasiado árdua e complexa, visto a enorme miscigenação apresentada por esse belo país tropical. Ou seja, o povo brasileiro, com o passar dos anos, foi se desenvolvendo influenciado por um número muito grande de culturas e tradições diferentes. Tendo em vista esse fator tão relevante, no que diz respeito à diversificação cultural, podemos afirmar que o povo em questão apresenta muitas características. Mas afinal, qual seria o traço mais marcante no comportamento do brasileiro?
O renomado historiador Sergio Buarque de Holanda divide o ser humano em dois tipos ideais: o aventureiro e o trabalhador. “O aventureiro é o homem do espaço e seus valores, como a audácia, a imprevisão, a irresponsabilidade, a instabilidade e a vagabundagem correspondem a uma concepção espacial do mundo. Pelo contrário, tudo aquilo que nutre os valores do trabalhador, como a estabilidade, a paz, a segurança pessoal, o esforço sem perspectiva de proveito material imediato, permanece como que incompreensível ao aventureiro, pois advém de uma concepção temporal do mundo.” Baseado na teoria do genitor de Chico Buarque de Holanda, é possível adequar o caráter sócio-cultural brasileiro, em um meio-termo destes dois tipos ideais citados.
Muitos dizem, quando questionados a respeito, que a personalidade do brasileiro ordinário, se adequaria ao conceito do “trabalhador”, pois o mesmo nos remete às características de um povo humilde, simplório, que luta, trabalha por uma vida melhor; comumente visto e conhecido. Por outro lado, há quem suporte a tese de que é “aventureiro” o tipo ideal nacional; tendo como base, o famoso estereótipo brasileiro do malandro, quem sempre está a deambular e por meios de sua sagacidade, alcança na vida a plenitude.

O nosso país, por apresentar essa grande diversidade cultural, é dotado de muitos traços no modo de agir de seu cidadão, por conseguinte, a dificuldade de definir sua mais marcante característica é nítida. Paradoxalmente, pode-se definir o maior apanágio do povo brasileiro na própria diversidade de culturas, assimilando o fato de que a mesma nos diferencia dos demais grupos demográficos de todo o globo.

Veraneio

"O Sol, em chama, inflama

A grama alta em nosso quintal,

[que exclama

Venha a nós o vosso raio,

Seja feito o vosso calor,

Assim na terra, como no amor

Ah! Janeiro de Deus

O mar azul desperta

E cobre areias descobertas,

Molhando também os pés

Da morena que passa discreta

Fim de tarde, carne que arde

Sob o céu de cores mil,

Iluminando e bronzeando

A tropical terra dourada do Brasil" ... Bruno Lima,

3 de janeiro de 2009




Dica de Terça - Gato Preto


http://www.myspace.com/bandagatopreto

O Gato Preto surgiu no final do século passado, como um trio de rock n..roll, mas hoje em dia há relatos de pessoas que viram a banda como oito pessoas amontoadas num palco tocando polca. Ao longo dos anos o grupo passou por diversas experimentações, acrescentando instrumentos até chegar a uma formação mais acústica, com bandolim e violino muitas vezes substituindo a guitarra. Boa parte das letras falam sobre o mar, e o som está numa mistura de rock com música cigana, jazz e polca. As músicas aqui disponíveis são de várias as fases da banda, desde o rock n..roll power trio até o quinteto atual, que conta ainda com a participação de Gustavo Ortigara no piano, acordeon e teclado, Higor Wendrychowski no trompete e Rodrigo Nickel no saxofone. O Gato Preto tocou em diversos festivais como o Festival Pompéia, Festival Psicodália e Festival Guarda do Embaú, algumas vezes dividindo o palco com grandes nomes da música nacional como Made in Brazil, Patrulha do Espaço, Blindagem e Sérgio Dias. A banda participou também de cinema, no filme “O Dia Em Que Morreu Roberto Carlos”. Em 2007 foi lançado o primeiro EP do Gato Preto e em 2008 o DVD "À Deriva", gravado ao vivo no Sesc da Esquina.




domingo, 26 de abril de 2009

Simplesmente Ronaldo.

Quando Ronaldo Luis Nazário de Lima chegou ao Corinthians, muitos (inclusive eu) duvidaram que ele voltasse a jogar o futebol que o consagrou e o tranformou em Fenômeno. A prova de que todos estavam enganados começou a ser escrita na semana passada dia 19 de abril no Morumbi contra o São Paulo e foi consmuada hoje, dia 26 de abril contra o Santos em plena Vila Belmiro. Ronaldo desfilou sua habilidade em campo hoje e deixou a todos pasmo. Fez 2 gols magníficos, o primeiro com uma matada de bola que só aqueles abençoados pelos deuses do futebol sabem dar, e o segundo, bem... o segundo foi uma pintura em que não cabem palavras para sua descrição.
Não resta fazer mais nada a não ser aplaudir (de pé) e torcer para que ele continue jogando por muitos anos para que essa magia não se extingua.







sábado, 25 de abril de 2009

Canto Azedo


Epígrafe: "Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não"... Vinícius de Moraes


" Tenho em mente este canto azedo,
Versado em segredo, zelado pra ti.
Um canto nobre, contudo é triste
Que vive aos prantos sempre a lamentar.
E se acaso me perguntar
A razão de tanto chorar,
Direi apenas que gosto do teu olhar

A esperança da minha tristeza reside em teus olhos,
Profundos como o mar.
Tão brilhantes tais quais os amantes
Na aventura errante eterna do amar.
E quando o sol clarear,
Veras a aurora raiar,
E um silêncio eloqüente farei para te ver passar.

Ah! Essa doce agonia que é também causada pelo seu andar.
Nuas pernas se cruzam, se alternam,
Provocando um lindo caminhar,
Palpitando o meu coração,
Que segue a batida deste violão,
Azedando mais uma canção por uma BOA razão''... Bruno Lima

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Raulzito na Virada Cultural


Em 2009, a Virada Cultural chega à sua 5ª edição, e pela primeira vez um artista terá um palco exclusivamente seu. Não, não se trata de uma superbanda tocando durante 24 horas consecutivas, e sim de uma homenagem (mais do que merecida) a Raul Seixas.

No ano em que lamentamos 20 anos da sua morte, Raulzito será homenageado por 19 artistas diferentes, que tocarão todos os seus álbuns na íntegra, em ordem cronológica. Nasi, Marcelo Nova e a primeira banda de Raul, Os Panteras, estão entre os recrutados para a missão de interpretar todas (sim, todas) as músicas do Maluco Beleza.

O "Palco Toca Raul" estará montado na Estação da Luz e suas atrações começam a partir das 18h 15 do sábado, 2 de maio, e vão até as 18h do dia seguinte.

Atrações:

18h 15 - Raulzito e os Panteras (1968) - Os Panteras
19h 30 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (1973) - Gaspa e Os Alquimistas
20h 45 - Vida e Obra de Johnny McCartney (1971) - Leno Azevedo e Envergadura Moral
22h 00 - Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971) - Edy Star
23h 15 - Krig-Ha, Bandolo! (1973) - Nasi
00h 30 - Gita (1974) - Cesar Di
01h 45 - Novo Aeon (1975) - Caverna Guitar Band
03h 00 - Há dez mil anos atrás (1976) - Macarrão e banda NDA
04h 15 - Raul Rock Seixas (1977) - Alex Valenzi e The Hideaway Cats
05h 30 - O dia em que a terra parou (1977) - Banda Krig- Ha Bandolo!
06h 45 - Mata Virgem (1978) - Raiz Quadrada
08h 00 - Por quem os sinos dobram (1979) - Mou e Tábula Rasa
09h 15 - Abre-te Sésamo (1980) - Velhas Virgens
10h 30 - Raul Seixas (1983) - Darlan Moreira
11h 45 - Metrô Linha 743 (1984) - Raul Seixas Band
13h 00 - Let Me Sing My Rock and Roll (1985) - Agnaldo Araújo
14h 15 - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!!! (1987) - Rick Ferreira
15h 30 - A Pedra do Gênesis (1988) - Viúva Negra
16h 45 - A Panela do Diabo (1989) - Marcelo Nova e Os Panteras
18h 00 - Jam Seixas




Dica de Quarta - O Equilibrista (2008)

Vencedor do Oscar de documentário de 2009, a co-produção anglo-americana "O Equilibrista", de James Marsh, reconstitui com grande riqueza de detalhes e em clima de suspense a incrível aventura do francês Philippe Petit, que há 35 anos andou sobre um fio de aço estendido entre as Torres Gêmeas, no World Trade Center, em Nova York.
  • Divulgação

    "Equilibrista" narra feito de Philippe Petit, que caminhou entre as torres do WTC numa corda

A caminhada de 45 minutos, no dia 7 de agosto de 1974, aconteceu no mesmo local que acabou sendo palco dos atentados de 11 de Setembro de 2001. O filme estreia apenas em São Paulo.

A centenas de metros do chão, sem rede de proteção, Petit desafiou bem mais do que a lei da gravidade e a própria sorte. A preparação de sua aventura, aliás, foi totalmente clandestina, até porque era ilegal -- nenhuma autoridade do mundo a autorizaria, por óbvias razões de segurança.


Assim sendo, a façanha nas Torres Gêmeas, de longe a mais ousada da vida do equilibrista, exigiu uma logística digna de uma operação militar, com um toque de empreitada criminosa. Foi necessário que ele e seus amigos driblassem a segurança do megaprédio, ainda em construção nos anos 70, introduzindo ali dezenas de metros de cabos de aço e ferramentas que permitiriam a caminhada aérea de Petit.

O filme reconstitui os preparativos da ação, contando com depoimentos do próprio Petit e seus amigos, como Jean-Louis Blondeau e Jean-François Heckel e a namorada Annie Alix. Além disso, recorre-se a imagens filmadas em Super 8 e fotografias realizadas pela irrequieta trupe à época, muitas delas feitas quando Petit e um dos colegas conseguiram fazer-se passar por repórteres, o que lhes permitiu uma das muitas visitas prévias ao topo dos prédios, essenciais para o cálculo da estratégia da colocação dos cabos.



É especialmente bem-feita a reencenação, utilizando atores e tendo como áudio a narrativa de Petit e amigos -- inclusive alguns norte-americanos --, que permite visualizar como eles introduziram furtivamente seus equipamentos nas torres. Muitas vezes, eram forçados a esconderem-se debaixo de lonas e ali permaneceram imóveis por horas, para evitar serem capturados pelos seguranças do local.

A reconstituição é tão boa que, mesmo sabendo-se evidentemente que toda a operação foi um sucesso, sente-se muito palpavelmente o risco envolvido em tudo aquilo. Graças a isso, os espectadores podem sentir quase o mesmo frio na barriga que os aventureiros sentiram em todas as etapas do processo, que correu o risco de falhar até o último momento, por problemas técnicos e até atmosféricos, como o forte vento nas alturas.

A grande façanha de "O Equilibrista" é não se esgotar na descrição desta grande aventura e suas consequências -- logo depois, Petit e amigos foram presos, sendo um deles deportado. O filme vai além, retratando a personalidade que mantém essa estranha paixão de quase voar tão longe do chão, que é a própria razão de viver de Philippe Petit, hoje com 60 anos, e captando, também, o clima libertário e contestador de sua época.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vinícius "Benjamim Button" de Moraes




"São demais os perigos desta vida



Pra quem tem paixão principalmente



Quando uma lua chega de repente



E se deixa no céu, como esquecida



E se ao luar que atua desvairado



Vem se unir uma música qualquer



Aí então é preciso ter cuidado



Porque deve andar perto uma mulher..."




19 de Outubro de 1913, na Rua Lopes Quintas, 114 — bairro da Gávea, Cidade Maravilhosa, nasce Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes (nome que, nove anos mais tarde, por presente do pai, foi mudado para o qual todos nós conhecemos). Batizado na Maçonaria e aluno de colégio católico, Vinícius de Moraes tem sua primeira fase poética fortemente marcada pela rigidez dos versos, métrica calculada e pela misticidade. Em 1943, ingressa na carreira diplomática.


Bom, dir-se-ia que era esse homem, um quadrado. Isso se não fosse Vinícius de Moraes. E como disse Chico Buarque, "Vinícius não era um devasso... quer dizer, ele era... mas só um pouquinho...".


Assim como o personagem de Scott Fitzgerald (interpretado, nas grandes telas, muito bem, pela metade masculina do badalado super-cônjuge Pitt-Jolie, apesar de um certo hollywoodianismo exagerado por parte do longa), Vinícius passou por um processo de rejuvenescimento. Mas, se no caso de Benjamim Button, a juventude se dava apenas exteriormente, o poetinha parecia que ficava mais jovem a cada ano passado, no que diz respeito ao comportamento.


Com o surgimento da bossa nova, Vinícius passou a ser visto como ídolo dos jovens, um poeta popular, um poeta/cantor, ao lado de figuras como Tom Jobim e João Gilberto. Fez o que poucos poetas se atreveram a fazer, ser compositor. Daí a alcunha de "poetinha", dada pelos mais conservadores, depreciando seu posto no mundo literário, "Poderia ter sido, mas não foi".


Nos anos setenta, virou definitivamente um popstar. Acompanhado por Toquinho, passou a se apresentar diversas vezes em universidades e casas de Show ao redor do mundo.


Era um hippie camdomblé apaixonado, vivendo para festas, músicas, poemas e uísque, muito uísque.


E depois de desligado de suas funções para com o Itamaraty, Vinícius de Moraes observando um pavão, um peru, um gato e um cachorro, diz a Toquinho, "Olha só, eu aprendi mais olhando esse quatro bichos aí, do que com todos esses anos de Diplomacia!"



POETÃO, descanse, cante, crie em paz...


Dica de Terça - Burro Morto















http://www.myspace.com/burromorto

Sobre Burro Morto

O Burro Morto surgiu mutilado, teve seus retalhos re-costurados e agora percorre os caminhos sonoros atento às cores e nuances. Respira groove, enche os pulmões de psicodelia, entorta os compassos e regurgita melodias inusitadas.

A inspiração vem do sangue que passeia pelas veias negras da terra antiga, que sai de Lagos, passa pelas dunas de areia escaldante, chega a Addis Ababa, escorre pelos ouvidos jazzistas no norte, desce ao estômago do deep funk e deságua novamente no terceiro mundo. É África-Brasil, via o jazzy groove gringo.

Esse emaranhado de cabos, filtros, delays, climas, cinismo e subversão é manipulado por cinco mentes ácidas: Haley (microkorg, escaleta, orgão), Daniel Ennes Jesi (contrabaixo), Ruy José (bateria) e Léo Marinho (guitarra). Nos idos de 2007 lançaram um EP, Pousada bar, tv e vídeo, com o qual conquistaram almas e mentes worldwide.

Em 2008, o grupo finalizou seu segundo EP, “Varadouro”, lançado digitalmente pelo selo californiano One Cell Records. Através da excelente repercussão do EP, o Burro Morto realizou uma bem sucedida turnê em São Paulo, tocando em casas como CB Bar, Studio SP, Berlin e Bleeckers Street, além de ter participado do projeto “Agulha, bolachão e microfone”, no Sesc Pompéia. Participou também da Feira da Música, em Fortaleza – CE, e do festival Coquetel Molotov, em Recife, um dos festivais mais renomados da cena independente. Fechando o ano, participou do Festival Universo Paralello, na Bahia. Uma de suas músicas integrou uma coletânea lançada pela Revista +Soma, a “+Soma Amplifica”, a qual teve tiragem de 10.000 cópias e foi distribuída gratuitamente em diversas capitais do país. Recentemente, o Burro Morto teve o projeto de produção do seu primeiro álbum aprovado pelo Pixinguinha, programa cultural da Funarte e Ministério da Cultura, que será executado em 2009.




segunda-feira, 20 de abril de 2009

Luxemburgo não se acha Deus. Ele tem certeza que é.


Bem , caros leitores deste blog , este é meu primeiro post e nada melhor para começar, senão, falando do todo-poderoso professor Luxa.
Não iniciarei discutindo sobre o jogo, Palmeiras x Santos, mas, sim, do Divino técnico e arquiteto do universo (como na minha crença sobre Deus), Vanderlei Luxemburgo.
Já achei, no ano passado, patéticas as contratação de Sandro Silva, Jumar, Fabinho Capixaba, Jefferson, Thiago Cunha, entre outros. Mas foram contratados através da traffic e com o aval do luxa, que estava arquitetando mais um projeto para seu time (não o Iraty, importante lembrar). Os resultados do projeto verão no parágrafo abaixo.
O Santos foi superior ao Palmeiras nos dois jogos, até gostei da postura tática do Verdão, mas os jogadores que o luxa tinha eram muito limitados, para não falar outra coisa. Poupo o Keirrison(é uma grande promessa, tem talento), Pierre, Marcos e Diego Souza (apesar de mostrar seu talento para briga, pois nem Marcão conseguiu acalmá–lo).
Agora o santos, sim, está de parabéns, principalmente seu técnico, Vagner Mancini, que foi corajoso em colocar seu time com Mádson (que arrebentou com a zaga do clube alvi-verde), o menino Neymar, que foi decisivo em alguns lances, e o matador Kleber Pereira. E com muitos méritos está na final do campeonato paulista (ou, Paulistinha, para quem é eliminado e troca farpas com a Federeção).
E o palmeiras, segue para a libertadores, torneio o qual precisa, desesperadamente, de duas vitórias para se classificar.
É luxa, parece que a filosofia de trabalho não está sendo acatada por seus pupilos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Duas Irmãs


Havia recém casado, e se declarava a mulher feliz como nenhuma outra há de ser no mundo:

- Tive sorte Magali, tirei a sorte grande!

- Ah sim, Loyola é homem de bem. Com certeza. Estou feliz por ti!

E, de fato, a felicidade da irmã era verdadeira. Mas nunca escondeu que, no fundo, sentia certa inveja de Magda Lúcia. Afinal, era ela a mais bonita e, o mais importante: a mais desejada.

Magda Lúcia

Fogosa, Magda Lúcia tinha todos os homens a seus pés. Nunca fora infeliz com nenhum, muito pelo contrário, mas não conseguia se ater à um só amante.

Até o dia em que encontrou Loyola. Homem elegante, de boa índole, família tradicional, e rico. Muito rico.

Pequenos anjinhos

Desde pequenas, foram sempre muito amigas. A mãe, D. Inácia, logo quando casou foi enfática:

- Quero apenas meninas, Arnesto. Duas Meninas.

Dito e feito. Nasceram duas criaturinhas angelicais. D. Inácia era bajulações noite e dia. Um mimo só. Na infância, a vizinhança as via como o pequeno tesouro do bairro.

Com o passar dos anos, na adolescência, tornou-se visível o quanto o tempo beneficiou Magda Lúcia, e não o fez com Magali. Fato esse, que não abalou a grande amizade que existia entre as duas irmãzinhas.

Magali

Anunciado o casamento de sua irmã, Magali sentiu uma enorme felicidade, que veio junto com um sentimento de alívio.

- Graças ao Santo, ela aquietou o rabo!

Quando se tratava de homens, Magali era, sempre, posta em segundo plano. E, ao passo que Magda Lúcia partia para outro caso, os rapazes, descaradamente, tentavam a sorte com a irmã. O matrimonio foi para ela, uma notícia dos céus.

O Encontro

Hercúleo, galante, boêmio; Otavio Augusto era, realmente, muito querido pelo sexo oposto.

Tarde quente, Magali tomava, calmamente, seu batido de creme com passas, quando é abordada pelo Hércules da Mooca:

- Como é linda tua face, Chuchu! Permita-me pagar o Shake?

Daí a um novo encontro foram dois dias. Não tardou, também, a terem caso sério.

Tensão

E como era de se esperar, Otavio Augusto tinha de ser apresentado à família de seu “Chuchu”. Foi marcado, um almoço no domingo, dia de Santo Antônio.

Os dias que antecederam essa data, a qual Magali tanto gostava, foram, para ela, contidos de muita tensão. “Não creio, ele vai conhecer Magda, daí é batata”.

Domingo

A feijoada ocorreu dentro da mais absoluta normalidade. Perguntas de praxe. “Quer dizer então que você é funcionário público!? É da Caixa?”. “Então, é Timão ou não é?”. Nada de excepcional. Com exceção ao fato do rapaz ser Juventus.

O Dia Seguinte

- Muito massa sua família, Chuchu.

- E quanto à minha irmã? Que te pareceu?

- Ah... Bom... É simpática.

- Simpática? Só isso?

- Ah... Ué... Sei lá, é bonita.

- Bonita...

- Ô meu Chuchuzinho, que quer que eu diga?

- Pretendes me trocar, Otavio? Trocar-me por ela?

- Quié isso meu Chuchu!? Nunca!

- Prometes me amar pra sempre?

- Pra sempre!

O Comunicado

Um novo almoço foi marcado. Porém, desta vez, não com intuito de apresentação, sim, de anunciação.

- Magda, tenho uma surpresa pra te contar!

- Pois conte então menina!

- Não! Espere e verá...

Chegou o dia, domingo, Final do Paulista. Eis que, de sua cadeira, Magali levanta e faz o grande comunicado:

- Gente... Eu e o Otavio... A gente... – e com lágrimas escorrendo, como que estivessem fugindo de dentro de seus olhos, traçando um caminho tortuoso por sua face, soluçando de emoção, tenta em vão prosseguir a anunciação. Cai em prantos de alegria, nos braços de seu amado. Este que, por sua vez, continua a tentativa de Magali:

- Bom, gente, ela queria dizer que... Nós vamos nos casar!

A alegria então foi geral. Todos se levantaram e aplaudiram o futuro novo cônjuge.

E para aumentar a felicidade do seu Arnesto, o Timão foi campeão.

O Dia Antes

Magali despertou radiante. “Amanhã me caso, hei de me casar”. Saiu para comprar suas frutas. “Pela manhã são bem mais frescas”.

Passa em frente ao bar que costuma freqüentar Otavio Augusto, e então o vê lá dentro. “Meu Santo Antonio, logo cedo...”. Estava atravessando a rua para ter com seu noivo, quando sentiu, de súbito, o maior calafrio de sua vida. Dir-se-ia que nunca sentiu tamanho desgosto. Lá estava o maior fervor que se pode exigir de um beijo. Otavio Augusto e Magda Lúcia.

Visita à irmã

Magda Lúcia despede-se de seu cunhado, e segue rumo sua casa, a mansão de Loyola.

Ao adentrar o hall, tem uma agradável surpresa: sua irmã estava sentada na poltrona de couro, aquela adorada por seu marido.

- Olá Magda, estou já faz tempo te esperando chegar!

- Magali, quanto tempo não me visitas, hein!? Loyola te recebeu quando chegou?

- Ah sim, passei um tempo a me entreter com ele.

- Onde está ele agora então?

- Bom... Acho que aparece para o almoço...

É chegada a hora da refeição na mansão, e Loyola não dá nem sinais.

- Bom, Acho que é melhor a gente ir comer. Só nós duas mesmo.

- Vamos então, Magda! Estou com uma fome...

Sentam-se à mesa, as duas irmãs somente, como há muito não se via.

- Como uma boa anfitriã, tenho dever de te servir irmãzinha!

Os olhos de Magda Lúcia se agigantaram, sua face reproduziu uma expressão jamais vista antes. Empalidece e cai morta no chão. Fruto de uma parada cardíaca.

O prato principal era a cabeça de Loyola.

Dormindo com o noivo

Pelas onze, Magali chega à casa d’Otavio Augusto.

- Meu Deus, como é tarde meu Chuchu. Achei que nem viria mais!

- Pois é meu bem. É que hoje tirei o dia pra pensar.

- Pensar em que, Chuchuzinho?

- Pensar na vida, meu bem. Pensar na vida.

- Verdade né! A partir de amanhã, é vida nova não é meu Chuchu?

- Com certeza, Vida Nova...

-Bom, meu Chuchu, vamos dormir então, que já é tarde!

Os dois foram para o quarto, trocaram de roupa e dormiram. Mas, Otavio, não chegou a acordar.